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terça-feira, 26 de abril de 2011

Para Sebastiana, eu...

 "Sou como você me vê. Posso ser leve como a brisa ou forte como uma ventania. Depende de onde e como você me vê passar." (Clarice Lispector)
  
   
Sebastiana Alves da Silva nasceu em Potirendaba-SP no dia 26/04/1931, filha de Avelino e Narcisa.
Nasceu em  uma fazenda de café, como tantas outras crianças cresceu trabalhando na roça de sol a sol e também na chuva, porque na época de colheita não se podia escolher.
Quando menina brincava em seu tempo livre, com os irmãos no quintal, na lama. Subia em árvores, fazia castelos nas nuvens...mas nunca desejou ser princesa. Não conhecia nenhuma, nem nunca tinha ouvido falar.
Quando ficou moça, queria dançar... O tio a levava junto com os irmãos mais velhos nos bailes das fazendas vizinhas, e como dançava.
Passava a semana trabalhando duro para o pai dar permissão de ir no baile que eram sempre aos sábados.
Cintura fina, saia rodada. Chamou a atenção de um moço, muito formoso.
Paixão arrebatadora. O pai não deixava namorar.
Nisso já tinha quase 20 anos, o pai achava que o moço não tinha boa intenção, ia só se aproveitar.
Então...sabe como é, só pensava em namorar, resolveu fugir.
Fugiu para casar. Na verdade foram morar junto, oque naquele tempo...podiam falar.
De Potirendaba direto para Taubaté morar com a sogra. O moço também trabalhava na roça e de volta pra cidade não sabia como sustentar a mulher e agora também o filho que ela estava a esperar. Foi trabalhar na construção civil.
Os anos foram passando e a saudade dos pais e irmãos só aumentando. Queria visitar, certeza que o pai saudoso já teria perdoado. Os tempos eram dificeis e seu 2º filho já estava para nascer.
O marido saiu para trabalhar bem cedinho, mas já de noite e nada de voltar. Nunca voltou. Quem veio avisar do acidente em que morreu soterrado foi um guarda municipal.

Uma peça que o destino pregou. Nada mais lhe restava a não ser voltar para casa dos pais. Então a querida sogra  disse que era melhor esperar o filho nascer antes de viajar e se prontificou a ajudar escrevendo uma carta a familia da moça, avisando do ocorrido e que a filha logo iria voltar.

O 2º filho morreu com 1 ano de idade de desinteria.
Mesmo achando que os pais não tinham respondido a carta por estarem decepcionados  demais, a moça insistiu e pediu para uma amiga que escrevesse pedindo para virem busca-la, a esta altura não tinha dinheiro e na casa da sogra não queria continuar.
A carta voltou pois no endereço informado ninguém sabia dizer onde a familia que ali morava foi parar, tinham se mudado fazia tempo.
Encontrou ajuda na casa de uma senhora muito boa que lhe deu trabalho, casa e comida para ela e o filho.
Ainda muito jovem e bonita encontrou um novo amor.

Casaram , tiveram 10 filhos, passaram por muitos momentos bons e outros tantos  mais ou menos.Foram felizes.
Passaram-se mais de 20 anos. Até que uma de suas filhas resolveu  escrever contando a história da mãe e enviou para a rádio da cidade onde tinha nascido.
E foi assim que...
Um amigo de um dos irmãos ouviu a história contada no rádio e foi contar. Este irmão que sabia que a irmã estava morta achou que era brincadeira, mas como tinha um outro irmão também caminhoneiro que por um acaso estaria passando perto de Taubaté avisou a ele e pediu para que fosse tirar a história a limpo.
Eu devia ter uns 10 anos na época e me lembro de parar uma carreta enorme do outro lado da rua, atravessou um moço e me pediu para chamar minha mãe.
Quando minha mãe viu sentiu o coração apertado sem nem imaginar oque era, então meu tio se apresenta: _Meu nome é Nivaldo e estou procurando uma Sebatiana que pode ser minha irma, mas ela já morreu.
Minha mãe sentou na calçada e não acreditava no que via, nem ouvia (hoje damos muita risada, mas imagina se é jeito de se apresentar).
Passado o susto, muitas lágrimas depois, meu tio entra para conhecer a casa, a familia e até a irmã.
Quando houve este reencontro fazia 15 anos da morte do meu avô e 2 meses da minha avó. Avós que eu nunca tive o prazer de receber um beijo ou um abraço, pais que se mudaram da fazenda depois da tristeza de receber uma carta dizendo que a filha que nunca lhes deu netos, havia morrido num acidente.
Meu avô não se perdoava em não ter aceito o namoro da filha, pois se assim tivesse sido, quem sabe ela não estaria viva.
Este tio que veio ao nosso encontro tinha 2 anos quando minha mãe foi embora. No total de 10 irmãos minha mãe foi reencontrando a familia aos poucos. Viajou um tempo depois para Potirendaba onde tinha um irmão mais velho, outro em São José do rio Preto...e assim foi reecrevendo sua história.
Hoje ela esta completando 80 anos, e como filha não tenho palavras para  dizer tudo oque esta mulher é para mim.
Te amo muito mãe.

Ps.: Este é só um 'causo' como outros. Contados de mãe para filha.

18 comentários:

  1. Parabéns a sua mãe, que bonita a história dela, enfim, ela merece ter uma filha dedicada como você.
    Felicidades sempre.

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  2. Que linda a história dela!
    Amei

    beijo du

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  3. NOssaaaaaa Du...ainda não catei meu queixo aqui do chão..que historia incrivel!!!Adorei..a vida é mesmo surpreendente!!Parabens para a sua mãe, e para a familia inteira...
    beijos e uma excelente semana p vcs todos!!

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  4. Ah,e se vier a Natal não esqueça da gente,viu!!:-D

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  5. Que história linda!!! Parabéns.


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    Bjos!!

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  6. Nooooossa Du...que história comovente..ainda bem que DEus sempre dá um jeitinho de aproximar as pessoas...
    Bjos e uma ótima semana pra vc.
    tem sorteio AMIGO lá no Blog..

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  7. Realmente é uma historia linda!!
    Fabiola.
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  8. Que lindo Du!!! Amei ler este post, fiquei emocionada!! Como estão os meus pimpolhos? Saudades!!! Como está a Mel? Boa sorte no soteio!! Obrigada pelo apoio!! Bjks, Re

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  9. Nossa, fiquei emocionada Du...como a vida nos prega peças e devemos viver felizes os momentos que temos juntos dos amigos e da familia, nao é mesmo?
    beijinhos minha linda e vc é muito especial!
    So *Ü*

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  10. Nossa Du que história mais linda, muito sofrid também, mas que no final deram frutos especiais como vc.
    Linda homenagem. Parabéns!!


    bjs
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  11. Du,
    Tudo lindo! Super bom gosto! Pura emoção! Legal vc ter partilhado, amei!!
    Obrigada por sua presença sempre afetuosa lá nos meus cantinhos. Você é um doce!
    Bjkas com muito carinho!

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  12. Que linda história, apesar de muito triste!!!Sua mãe deve ser uma pessoa muito forte e carinhosa por tudo que viveu. Vim pra agradecer suas doces palavras sobre meu trabalho, voce é muito especial! Obrigada, apareça sempre, sua presença me enche de alegria. Bj

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  13. Nossa Du, q maravilha e encanto de história de família. É sempre muito bom preservar a história e os laços familiares. faz bem para a alma, para a mente, para o coração e para a saudade dos q já não estão por aqui. ;D
    Parabéns para vc por dividir conosco essa linda história e Parabéns à sua mãezinha pelos 80 anos!! Q esta comemoração ainda se repita por muitos anos e q vcs aproveitem muuuuiiito cada instante.
    Bjs e obrigada sempre pelo carinho lá no bloguito. ;D

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  14. Uau!!! Que história, Du! Daria um livro.. e dos melhores!!! Me emocionei... Parabéns pra mãe, que mulher incrível deve ser ela, né? Assim como a filha, e os netos!
    Beijos pra essa família que a cada dia eu gosto mais!

    P.S.: Quer dizer que a fofa da escola da Mel foge de ti, é? Hashahah!!! Mexe com quem tá quieto! KKKKKKKKKK

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  15. Oi Du,amiga que homenagem linda,que Deus a proteja sempre,afinal 80 anos merecem,amei beijinhos!

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  16. Du, fiquei arrepiada com a história. Parece conto de novela!!! Mas sei que realmente existem muitos casos assim. Histórias de família são comoventes e lindas e a da sua família deve ser linda assim como esse trechinho que vc relatou.
    Parabéns para sua mãezinha, muita saúde, paz e felicidades!!!
    Beijos e um lindo dia para vc:)

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  17. coisa mais linda o seu coração, du.
    herança de sona sebastiana. rs


    felicidades pra vcs.
    bjsmeus

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  18. Ai, deu um nó na garganta... fiquei emocionada.
    Mas, afinal, a sogra enviou a carta dizendo que ela havia morrido? Foi isso que aconteceu?

    80 anos... espero chegar lá!
    Parabéns à sua mãe e parabéns à família toda!

    Só agora consegui tempo para vir aqui...
    Espero voltar sempre e obrigada por lembrar do meu Gui.
    Beijão!!!
    Helck

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